Entendemos a ética como uma ciência que se dedica aos estudos dos valores morais e princípios ideais do 
comportamento humano. A ética permeia todos os relacionamentos e ambientes humanos e, por conseqüência,
o ambiente de trabalho.
  A significação dada a ética no trabalho vem sofrendo mudanças no decorrer do percurso histórico do homem
e sua vida em sociedade. Há uma nova ética do trabalho, inserida no continuo replanejamento da economia
política. Essa nova ética é caracterizada pelo uso autodisciplinado do tempo e o valor da satisfação adiada;
conseqüências de um mundo onde os objetivos virtuais sobrepõem-se aos objetivos reais, abraçando uma 
satisfação imediatista, já que o empregador visa lucros imediatos e a força de trabalho é efêmera, pois responde 
a esse imediatismo do mercado. Empregados cuja ação e o medo são causados pela incerteza do futuro, e esses
mesmos empregados não vêem meios de manter vínculos longínquos com seus empregadores.
  A história apresenta um progresso à liberdade do indivíduo, liberdade que se confunde com o individualismo
e o consumismo proporcionado pelo progresso dos órgãos de sustentação do modelo econômico capitalista.
  Na velha ética do trabalho, no Arcaico Clássico, podemos representa-la o modelo de Hesídio através da frase:
"quem adia, luta com a ruína"; já no Renascimento, o homo faber: homem como seu próprio criador, opondo-se 
ao caráter de processo histórico-religioso do cristianismo, onde o homem é modelo de Cristo. Com o advento do capitalismo,

 o utilitarismo vigoroso inglês associada ao protestantismo, ao qual o indivíduo tinha de moldar sua historia de modo a somar um todo significativo, o indivíduo torna-se eticamente responsável por seu próprio tempo vivido particular. 
  Para Max Weber, no modelo capitalista você deve adiar o desejo de satisfação e realização; "a maior disposição
de poupar do que de gastar passou do protestante para o capitalista como um ato de autodisciplina e autonegação".
O homem motivado não se encaixa mais na antiga imagem católica dos vícios como a gula e a luxuria, ele é 
intensamente competitivo, mas não pode gozar do que ganha. Ele é oprimido pela importância dada ao trabalho.
  Hoje, no mundo interativo, a ética de grupo vem em oposição à ética do indivíduo; "o trabalho em equipe enfatiza mais 
a responsabilidade mútua que a confirmação pessoal", porém esse trabalho em equipe nos leva ao "domínio da superficialidade degradante" que assedia o local de trabalho, deixando "o reino da tragédia para encenar as relações humanas como uma farsa". 
"Teatro profundo", assim interpretado pelo sociólogo Gideon Kunda, por obrigar  os indivíduos a manipular suas aparências 
e comportamentos com os outros.O responsável por administrar esse grupo, equipe, é o líder, assim denominado e analisado por antropólogos e sociólogos como Charles Darrah e Laurie Graham, como a palavra mais esperta no léxico administrativo;"o líder está do nosso lado, em vez de ser nosso governante. O jogo de poder é jogado pela equipe contra equipe de outras empresas". Esse líder transfere sua responsabilidade por suas ações, recaindo sob o jogador.
Essa equipe está inserida num cenário coletivo individualista, onde todos transferem suas responsabilidades 
em prol de um resultado imediato para um lucro que não é pessoal.  

José Mauro Pompeu (09/2012)

fonte: A corrosão do caráter, o desaparecimento das virtudes com o
novo capitalismo ( Richard Sennett ); capitulo 6: "A ética do trabalho, como mudou a ética do trabalho"




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