O Corpo
O corpo movimenta
No núcleo da orbita periférica
Entre partes partículas partidas
Chegadas em horas impróprias
Feridas ordinárias de símiles histórias
O corpo dança no ritmo determinado
Pela batuta maluca da velha caduca
Que cutuca, cutuca, cutuca
E… machuca
Quando a chuva cai como agulha
Sob a pele quente e desnuda
Na noite fria de outono
O corpo movimenta
Escravizado pelo sono
Sonâmbulos perambulando
Pela madrugada, de esquina à esquina
Até os portões da velha cidade
Agora já não há - quando o amanhã - nunca! é tarde
O corpo estende e entende
Aprende, movimenta-se e sente
A pressão tencionando os tendões
Corroendo os ossos como um bicho transparente
O corpo movimenta, sentindo que sente
O sentido inconsciente conseqüente a ação da reação consciente
O corpo que embala quando ama
Reclama,
Clama em chama quando movimenta
O corpo, a cama, o fogo
Saltando faíscas dos olhos
Caindo no poço vazio do coração oco
Dos lábios e da língua sem gosto
Na cretina rotina que assassina
As partes, partículas e partidas
Com lágrimas que hidratam as córneas
e arde a ferida aberta no momento da despedida
E engrandece a história do homem sem glória
O corpo desaba, estabaca, cai igual jaca
Para
No núcleo da orbita irregular
De mentes, crenças, sexos, raças, cores misturadas
Apontando, gritando, chutando _ vira-lata!
Tá aí, o corpo estendido no chão
Já não é mais uma canção,
nem o belo romano bailando para as crianças do Sertão
Na Bahia de todos os Santos e tantos José, Manué e João,
Clayton, Richarlyson, Michael Jackson,
Janaína, Jurema, Jucelma, Maria João, Wanderson
O progresso revesso estilo moon-walk
O corpo do todo caminhando para trás
A cabeça vazia perdida na mira, segurando a rédea
Guia
O corpo, a vista, os pontos de vista
O caolha que é rei em terra de cego
O perneta velocista do condado paraplégico
O cotó manquitó prendado que só Jó
Que em terra de botão e antena
Satélites orbitam, mas a evolução é lenta
Enquanto o corpo movimenta
No centro do núcleo caótico
A inércia é engendrada pelos olhares curiosos
Que tentam decifrar o que é barroco e o que é gótico
Através de conceitos óbvios
Porém nada simplórios
As partes, partículas, partidas de cada fragmento
De todos os segmentos em todos os sedimentos
Corpos em movimento
Movimento engendrado pelo sentimento
Para criar uma nova forma, amorfa que amor fa-z
Um corpo novo de vários corpos em movimento
Progressivo, regressivo, rápido ou lento
Como a própria história é feita
De baixo pra cima, de cima pra baixo
Por todos os lados, em tempos longos, curtos
Fracionados, porém pouco explorados
Até o momento
O corpo que morre alimenta
Decompondo-se em vidas, partes, partículas
Na hora da partida.
No núcleo da orbita periférica
Entre partes partículas partidas
Chegadas em horas impróprias
Feridas ordinárias de símiles histórias
O corpo dança no ritmo determinado
Pela batuta maluca da velha caduca
Que cutuca, cutuca, cutuca
E… machuca
Quando a chuva cai como agulha
Sob a pele quente e desnuda
Na noite fria de outono
O corpo movimenta
Escravizado pelo sono
Sonâmbulos perambulando
Pela madrugada, de esquina à esquina
Até os portões da velha cidade
Agora já não há - quando o amanhã - nunca! é tarde
O corpo estende e entende
Aprende, movimenta-se e sente
A pressão tencionando os tendões
Corroendo os ossos como um bicho transparente
O corpo movimenta, sentindo que sente
O sentido inconsciente conseqüente a ação da reação consciente
O corpo que embala quando ama
Reclama,
Clama em chama quando movimenta
O corpo, a cama, o fogo
Saltando faíscas dos olhos
Caindo no poço vazio do coração oco
Dos lábios e da língua sem gosto
Na cretina rotina que assassina
As partes, partículas e partidas
Com lágrimas que hidratam as córneas
e arde a ferida aberta no momento da despedida
E engrandece a história do homem sem glória
O corpo desaba, estabaca, cai igual jaca
Para
No núcleo da orbita irregular
De mentes, crenças, sexos, raças, cores misturadas
Apontando, gritando, chutando _ vira-lata!
Tá aí, o corpo estendido no chão
Já não é mais uma canção,
nem o belo romano bailando para as crianças do Sertão
Na Bahia de todos os Santos e tantos José, Manué e João,
Clayton, Richarlyson, Michael Jackson,
Janaína, Jurema, Jucelma, Maria João, Wanderson
O progresso revesso estilo moon-walk
O corpo do todo caminhando para trás
A cabeça vazia perdida na mira, segurando a rédea
Guia
O corpo, a vista, os pontos de vista
O caolha que é rei em terra de cego
O perneta velocista do condado paraplégico
O cotó manquitó prendado que só Jó
Que em terra de botão e antena
Satélites orbitam, mas a evolução é lenta
Enquanto o corpo movimenta
No centro do núcleo caótico
A inércia é engendrada pelos olhares curiosos
Que tentam decifrar o que é barroco e o que é gótico
Através de conceitos óbvios
Porém nada simplórios
As partes, partículas, partidas de cada fragmento
De todos os segmentos em todos os sedimentos
Corpos em movimento
Movimento engendrado pelo sentimento
Para criar uma nova forma, amorfa que amor fa-z
Um corpo novo de vários corpos em movimento
Progressivo, regressivo, rápido ou lento
Como a própria história é feita
De baixo pra cima, de cima pra baixo
Por todos os lados, em tempos longos, curtos
Fracionados, porém pouco explorados
Até o momento
O corpo que morre alimenta
Decompondo-se em vidas, partes, partículas
Na hora da partida.
POESIA
Fui com ferro ferrado, Ferreira
Quando com gula engoli Gullar. Na quitanda roubei Quintana Era fome voraz. Quando me vi só, sem Ariana Já era tarde demais Moraes. Dei Bandeira a cinza das horas Simbolizei até a libertinagem Mas antes os sapos abriram alas. Mario, Oswald, Carlos e ismos Do existo não existo ao dado dada Ismos e estímulos, Modernos Andrades sem imo. Parnaso tropical simbolo concreto Chegado a quarta-feira de cinzas Conte um ano para o Carnaval. O barro é lama bairrismo São cinco os rios Que vovó cantou pro seu Neto Desde Cabral à Catatau, Melado Melo marmelo Barroco tupiniquim pós-moderno da tristeza sem fim capital. Chapado Rosa da aurora de Guimarães De veredas e cerrados, pelos becos, Cora de Goiás Campos e campos de Augusto Concreto Haroldo Via Décio Veloso por Torquato Neto Até a rua das artes em rima viva, monumento Sabotage Marginal cultura malandra malandragem Garagem de palavras sacanas saca gara pala cana, Sacanagem! José Mauro Pompeu_2013 |
RUPTURA
Ruptura cinética da inércia
Impassível ao futuro
Se este a Deus pertence?
Sobre aquele, só ele
Poderás responder, porque eu não sei
Onde foi que errei, que erro cometerei
Ruptura na dialética
Necessária?
Depende do ponto de vista
Da cisma, mania, idéia fixa
Da rotina caixote d'água
Da água salobre que engulo
Com girinos, sapos e jacarés
Ruptura de crença
Intermitência!
Quimera — quem dera?
Além da ficção — desilusão!
Realidade :
Imperativo cativo,
Dissoluta em conduta?
Ruptura rumina
Pretérito imperfeito
Futuro mais que perfeito
Com efeito, defeito
Não me encontro em nenhum lado
Tão pouco fico no meio.
José Mauro Pompeu _ 2013
Impassível ao futuro
Se este a Deus pertence?
Sobre aquele, só ele
Poderás responder, porque eu não sei
Onde foi que errei, que erro cometerei
Ruptura na dialética
Necessária?
Depende do ponto de vista
Da cisma, mania, idéia fixa
Da rotina caixote d'água
Da água salobre que engulo
Com girinos, sapos e jacarés
Ruptura de crença
Intermitência!
Quimera — quem dera?
Além da ficção — desilusão!
Realidade :
Imperativo cativo,
Dissoluta em conduta?
Ruptura rumina
Pretérito imperfeito
Futuro mais que perfeito
Com efeito, defeito
Não me encontro em nenhum lado
Tão pouco fico no meio.
José Mauro Pompeu _ 2013
Conversando comigo
Não entende, projeta, transfere, esquiva e foge
Corre para os braços acolhedor do imaginário
Não entende!
Busca respostas para questões óbvias
Mas a cognição foi prejudicada
Quando em prateleiras iluminadas
Se prostituiu a filosofia
Não entendo!
Não há debate sobre nada
Ninguém fala sobre os prazeres do cu
Se gosto é gosto, cu é cu
Se a verdade é mentira, ou
a mentira é verdade;
Entende-se,
Tudo depende do ponto de vista
Mesmo sem ser humanista
Entendo!
Com olhos sob lentes de aumento
Vejo
Que no centro de tudo está o homem
Nunca só, então,
Os homens.
Interagindo entre si e com o meio
Socializando
Como deveria ser percebido a olho nu.
Não entende?
Como suas atitudes aqui refletem lá,
Como o mundo gira mesmo estando parado,
Como as causas esquecidas de hoje serão seus pesadelos amanhã,
Como dois corpos não podem ocupar o mesmo espaço.
É a física em sua meta
Não a metafísica apopléctica
Fundamentalista
Que aproxima os homens ao geral abstrato
e afasta-os de si,
De ti,
De mim.
Não entende?
Só o homem pode ajudar o homem
José Mauro Pompeu_2013
O Brasileiro
Superlativamos o mundo
Quando não podemos agarrá-lo
O que é meu, é o melhor do mundo
Sou brasileiro, exagerado
Acreditamos em tudo que é novo
Acreditamos em tudo que não se pode ver
Sou do povo marcado pelo Novo
Um novo povo que só sabe esquecer
O passado triste, empoleirado
No pau de arara, com os braços marcados
As mãos amarradas e a costas ferida
E, mesmo assim sorriu todos os dias
Esse é o sentido da vida
Viver como se fosse o ultimo dia
A glória está em sobreviver as batalhas perdidas
Nesses quinhentos anos de chacina
O tronco, a bala perdida
O capataz, o soldado de milicia
A senzala, uma favela em cada esquina
Os noticiários, uma campanha Jesuíta
Sou do povo que transforma; que brinca de Deus:
"Escreve certo por linhas tortas"
Mendicando de porta em porta
Pedindo uma oportunidade para brilhar
Porque o saber é genuino
A cultura sou eu quem faço
Sou o fruto podre proibido
O pecado universal
A mistura de três raças:
Uma nobre, outra guerreira, e uma outra,
Desgraçada, aventureira, de gente safada,
Herança histórica herdada
O gosto pelo mandar
O gosto pelo ócio
O desgosto pela ética
Contemporânea do "trabalhar"
Porque o orgulho é besta
"Tiro onda mermo, meu irmão!"
É no jeitinho brasileiro
Que todo mundo ganha pão
Se a farinha é pouca, quem raspa o pirão
Quem chega primeiro come por inteiro
Grão por grão de feijão, só pra te ver de escanteio
Mesmo que seja um "irmão"
Está escrito!
Nos apócrifos da Constituição
Brasil, a felicidade é um mito
Político, nocivo, lucrativo
Colorido com as cores vibrantes
Dos mantos dos deuses Africanos
Da imaginação indígena
O paraíso terrestre do Deus Barbudo
Todos somos um
Diferentes, cada um
De origens diferentes
Histórias incomum
Homens de sangue vermelho e pele azul
Ladrões de pele vermelha e sangue azul
Roubaram o verde, o amarelo,
Só não roubaram o anil do céu azul
E o sorriso,
Banguela, sofrido, cariado
A estampa de um povo afável
Que sorri para qualquer desconhecido
Quando entenderemos, que
Somos o Povo escolhido!
Temos a famosa humanidade
Dos sábios, dos tempos Antigos
Anthropos! assim se dizia
Na sociedade antropofágica
Que repetimos hoje em dia
Na tragédia da comédia cotidiana.
Quando não podemos agarrá-lo
O que é meu, é o melhor do mundo
Sou brasileiro, exagerado
Acreditamos em tudo que é novo
Acreditamos em tudo que não se pode ver
Sou do povo marcado pelo Novo
Um novo povo que só sabe esquecer
O passado triste, empoleirado
No pau de arara, com os braços marcados
As mãos amarradas e a costas ferida
E, mesmo assim sorriu todos os dias
Esse é o sentido da vida
Viver como se fosse o ultimo dia
A glória está em sobreviver as batalhas perdidas
Nesses quinhentos anos de chacina
O tronco, a bala perdida
O capataz, o soldado de milicia
A senzala, uma favela em cada esquina
Os noticiários, uma campanha Jesuíta
Sou do povo que transforma; que brinca de Deus:
"Escreve certo por linhas tortas"
Mendicando de porta em porta
Pedindo uma oportunidade para brilhar
Porque o saber é genuino
A cultura sou eu quem faço
Sou o fruto podre proibido
O pecado universal
A mistura de três raças:
Uma nobre, outra guerreira, e uma outra,
Desgraçada, aventureira, de gente safada,
Herança histórica herdada
O gosto pelo mandar
O gosto pelo ócio
O desgosto pela ética
Contemporânea do "trabalhar"
Porque o orgulho é besta
"Tiro onda mermo, meu irmão!"
É no jeitinho brasileiro
Que todo mundo ganha pão
Se a farinha é pouca, quem raspa o pirão
Quem chega primeiro come por inteiro
Grão por grão de feijão, só pra te ver de escanteio
Mesmo que seja um "irmão"
Está escrito!
Nos apócrifos da Constituição
Brasil, a felicidade é um mito
Político, nocivo, lucrativo
Colorido com as cores vibrantes
Dos mantos dos deuses Africanos
Da imaginação indígena
O paraíso terrestre do Deus Barbudo
Todos somos um
Diferentes, cada um
De origens diferentes
Histórias incomum
Homens de sangue vermelho e pele azul
Ladrões de pele vermelha e sangue azul
Roubaram o verde, o amarelo,
Só não roubaram o anil do céu azul
E o sorriso,
Banguela, sofrido, cariado
A estampa de um povo afável
Que sorri para qualquer desconhecido
Quando entenderemos, que
Somos o Povo escolhido!
Temos a famosa humanidade
Dos sábios, dos tempos Antigos
Anthropos! assim se dizia
Na sociedade antropofágica
Que repetimos hoje em dia
Na tragédia da comédia cotidiana.